Desde a derrota vergonhosa da última terça feira, 8, para a
Alemanha, praticamente apanhando de 7 a 1 (com um gol chamado de honra, como se
a vergonha já não estivesse presente), todos os brasileiros, antes
manifestantes, apareceram novamente. Incrível, não?
Aqueles que manifestaram em junho do ano passado, que
gritaram aos quatro cantos do país que NÃO QUERIAM A COPA, haviam sumido. Mas
como assim sumido? Sim, eles sumiram das manifestações e milagrosamente
apareceram dentro dos estádios, gritando em alto e bom som “eu sou brasileiro,
com muito orgulho, com muito amor”. Sabe quando eles reapareceram? Por volta
das 19 horas do dia 8, conhecido como o dia da vergonha do Brasil.
Aí todos voltaram a odiar a corrupção, reclamar do desabamento
do viaduto (aquele, do mesmo dia em que o menino Neymar se machucou), comentar
sobre os desvios de verbas e... Pasmem! Nas redes sociais o que mais se lia:
“se era pra ser assim, que construísse hospitais mesmo”. Espera aí... Se o
Brasil, o time, ganhasse, não teria problema o fato de não termos hospitais, e
aqueles que temos estarem em condições precárias? Como é que funciona isso?
Ao que se pôde entender, foi que se o time ganhasse, e
ganhasse a “Copa das Copas”, todas as pessoas doentes, em situação terminal, se
recuperariam magicamente e não precisaríamos de hospitais?
O brasileiro não pode dizer estar com vergonha do país
porque o time perdeu um jogo (embora tenha sido vergonhoso mesmo, ridículo,
absurdo, ahhh!). O brasileiro tem que se envergonhar quando diz que está de
luto pela lesão do Neymar, e esquece dos alagamentos em um canto do país, e da
seca em outro. Quando esquece que pessoas foram esmagadas, assim, igualzinho
quando a gente pisa em formigas, em um viaduto que foi superfaturado. Disso sim
temos que ter vergonha, e não da derrota em um jogo de futebol.
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Só pra explicar.. A partir de hoje começarei a postar alguns textos que escrevo. Sim, eu sei que eu sempre publiquei os textos que escrevo, mas é em um contexto diferente. Estou trabalhando em um jornal e agora escrevo mais, não apenas sobre o que sinto, mas sobre coisas que estão no dia-a-dia.
Tem alguma sugestão de texto? Comente abaixo ou envie para: biancagreff@gmail.com
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